obelisco com trabalhadores de Niterói

Aqui até as enchentes fazem parte da História

Seria inadequado querer encarar de afogadilho as sazonais inundações em Petrópolis: há mais água passando sob a ponte do que parece à primeira vista. O jornalista Flavio Menna Barreto, citado em recente artigo do pesquisador Manoel do Couto Fernandes, professor adjunto da UFRJ e vice-coordenador do Laboratório de Cartografia da universidade, revela que, já em 1846, o jornal O Mercantil já falava dos “piscinões” da cidade, tanques de armazenamento para concentração de enchentes. Ou seja, é uma característica da cidade, cujas consequências se agravaram nas últimas décadas, com a ocupação desordenada das encostas do município.

E não só: a redução da calha dos rios, a extinção das ilhas fluviais e a perda da sinuosidade contribuíram grandemente para que os efeitos de uma intensa precipitação pluviométrica se tornassem muito mais danosos do que poderiam ser. As enchentes de 1930, 1950, 1966, 1988, 2011 e agora, 2022, têm muito a ensinar ao município. Resta ver se as autoridades responsáveis terão tempo, verba e vontade política para aprender.

Para quem tem interesse mais aprofundado no assunto segue o link do artigo com a análise do professor Couto Fernandes, publicada em jornal local esta semana: https://tribunadepetropolis.com.br/noticias/nao-devemos-naturalizar-o-que-nao-e-natural-diz-pesquisador-da-ufrj-sobre-tragedias-em-petropolis/?utm_medium=social-media&utm_source=whatsapp

E, na foto que ilustra o post, a emocionante ajuda da equipe da Prefeitura de Niterói, nos trabalhos de recuperação de Petrópolis, dias após a fatalidade. Obrigado, Niterói!