2020 jan11 Koeler

O poder da mídia

Vou dividir com os nossos hóspedes, assíduos ou eventuais, e também com todos os nossos amigos, uma reflexão rápida sobre o poder do noticiário. No exato instante, uma questão que estamos enfrentando é a repercussão negativa da chuva da tarde de quarta-feira, 8 de janeiro, que durou das 14h às 15h, e gerou um alto volume noticioso. Choveu em uma hora mais da metade do previsto para todo o mês de janeiro. Com isso, a Cidade Imperial, que tem parte da sua beleza desenhada pelos rios, viu a maior parte deles transbordar. No Centro Histórico, a Rua do Imperador ficou inundada. Já a Rua da Imperatriz e a Avenida Tiradentes, não. Nestas o rio subiu bastante, mas não chegou a transbordar. Nos bairros, a rua Bingen e a rua Coronel Veiga também foram inundadas. A Rua Bingen é raro; já na Coronel Veiga a calha estreita do Rio Quitandinha transborda a qualquer garoa mais forte, há muitas décadas. No Centro Histórico, após uma hora, qual foi a consequência? nenhuma. Trânsito normal às 16h30. Comércio funcionando, pessoas circulando. Qual o comprometimento nas estradas, quais os danos deixados pelo temporal, quantos pontos de interrupção? Nenhum, para todas as questões acima. Porém, com o excesso de notícias espetaculosas mostrando as ruas alagadas no instante em que o rio subiu, as pessoas acharam que Petrópolis estava ilhada, interditada, sob perigo – nada disso estava acontecendo, nem passou perto disso. Como se durante a tarde no trabalho você recebesse um vídeo, mostrando o banheiro da sua casa alagado porque estourou a duchinha sanitária, com o tapete encharcado. Quanto tempo você teria que evitar voltar para casa? em quinze minutos tudo estaria limpo e seco. A duchinha teria o registro fechado e depois seria trocada. Pode acontecer de novo? lógico que sim. Mas o imprevisto de um dia não é previsão futura. O que houve em Petrópolis, em São Paulo e em outras cidades da região Sudeste foi o de sempre: os efeitos (negativos, desconfortáveis) das chuvas de verão. Que irão durar todo o verão, como em todos os anos. E que vão atingir provavelmente dezenas de cidades, algumas delas diversas vezes, de forma imprevisível e com resultados variados – e, esperamos, cujos piores danos sejam como na chuva desta quarta passada em Petrópolis. Rápida, sem vítimas, sem acidentes e com danos materiais de baixa monta. Ah, e a questão da mídia, que foi o início deste texto? Pois é. Graças a ela, ao pânico gerado pelas imagens sugerindo uma catástrofe (mostraram uma cratera numa rua de Nova Friburgo como sendo Petrópolis castigada pela chuva), estamos pela primeira vez nos últimos três meses com alguns (poucos) apartamentos desocupados no fim de semana. As consultas por hospedagem simplesmente pararam desde a última quarta-feira, o dia das notícias, e que foram irresponsavelmente repetidas nos dias seguintes, apesar do sol na cidade e da rotina absolutamente normal. Imaginem a dimensão do prejuízo social para a cidade: pense nos recursos do turismo, que irrigam a economia petropolitana, que não vieram nesta sexta e neste sábado, e que farão falta às famílias humildes que dependem do fluxo turístico. Uma pena. A cidade está linda, ensolarada – e vazia. Nesta manhã de sábado, você pode diligentemente parar o carro na faixa de trânsito (como os cariocas gostam tanto de destacar o respeito que temos aqui pelos pedestres), mas não tem ninguém para atravessar.

Um comentário sobre “O poder da mídia

  1. Verdade Sidney…cheguei em Petrópolis justamente no dia 08 por volta das 17h e não presenciei nenhum desastre como havia mostrado na TV. Verdade que vi dois carros no rio em Bingen, mas isso também acontece aqui no Rio, portanto nada fora do comum do cotidiano dos verões no Rio de Janeiro como um todo. Infelizmente naquele momento não fiquei em um dos seus flats; ainda não os havia descoberto, mas em breve o contatarei para ficar em um dos seus flats, pois estão me parecendo muito agradáveis. Amo Petrópolis e acho que realmente uma cidade como esta não pode mesmo ficar sem seus visitantes e turistas!!! Abraços.

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